segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Redes Sociais

Existem alguns colegas da área de marketing que não se cansam de fazer listas dos “10 qualquer coisa que você deve...”. Complete as reticências com alguma coisa relacionada a conquistar mercado, atender melhor o cliente, desenvolver estratégias de criação de valor - e por aí vai. O que sempre me incomoda é o desprestígio de alguns numerais. Os números cabalísticos nestas listas são sempre 10, 5, 7 ou 3. Os coitados dos pares (à exceção do 10) - e especialmente o 8, o 6 e o 4 -não têm muita vez e sempre fico pensando quando alguém vai recuperá-los para devolver sua dignidade e auto-estima.
Escrevo sobre isso depois de ler minha coluna fundamental de toda segunda-feira, a do Pedro Dória no caderno Link do Estadão, e também depois de ver uma lista de 10 estratégias em marketing que nem toca na questão das redes sociais. Pois o papo da semana do Pedro é a investida do Google, de novo ele, nas redes sociais com o tal do Buzz que eles lançaram nesta última semana. Na verdade trata-se de uma nova tentativa de dar força ao Google Wave, o qual por sua vez já não tinha funcionado muito bem. De qualquer maneira, o tópico quente (hot issue, na linguagem acadêmica metida a fashion) para quem quer estudar marketing de verdade são as redes sociais. E poucas coisas são mais valiosas hoje em dia do que mapear o chamado “talk of the town”, descobrir do que as pessoas estão falando para então posicionar ofertas ou desenvolvê-las quando elas ainda não existirem. Isso tem muito valor como ferramenta porque fornece o termômetro do caldo cultural. Como antecipar tendências, evoluções, desdobramentos, é cada vez mais importante para quem precisar fabricar coisas. Colocar uma linha de produção em atividade implica em fazer design, protótipo, fazer teste, desenvolver moldes e ferramentas de fabricação, produzir embalagem, desenvolver códigos de barras, formas de transporte e conservação. Neste sentido, numa condição de grande homogeneização das ofertas, quem sabe antes e melhor, pode explorar o mercado em posição vantajosa não somente em termos de valor, mas especialmente em termos de prazos. Então, monitorar as redes sociais é um processo que pode vir a fornecer as evidências necessárias para colocar esse processo em funcionamento. Considere que o tal do Buzz agora pode fazer com que suas conversas online virem arquivos mantidos no email. Certo, tem muita gente aí de cabelo em pé imaginando que não quer arquivar certas coisas que fala pela internet. Mas eu também me preocuparia com a capacidade de uma máquina de processamento cada vez mais poderosa possa utilizar estes dados a serviço do marketing, manuseados por alguém que controle o agregado de todas estas conversas.
O outro ponto da equação do monitoramento da rede social é a identificação dos formadores de opinião, que podemos dividir em trendsetters (aqueles que estabelecem novas modas, novas atitudes, que formam verdadeiramente novas tendências) e os trendspreaders (aqueles que espalham estas novidades, mantendo grande rede de contatos). Ora, quem monitora, identifica. Quem tem os dados pode enviar mensagens personalizadas, pode desenvolver programas especiais de contato e estímulo. E quem vencer a corrida do controle do monitoramento das redes sociais via internet estará em condição específica de superioridade.
Não tem nada de errado em se valer de condições lícitas de concorrência. E toda vez que você aceita os termos de serviços como o Hotmail, o Google e o Yahoo aciona uma tecla lá que (leia o contrato) diz que eles coletam dados pessoais. Mas que tem aí uma coisa de invasão de privacidade que sempre me preocupa, aí tem.
Listeiros: não se esqueçam de incluir esse tema aí nos seus próximos esforços de explicar o futuro do marketing. Vai ajudar a dar um resultado par, que no final das contas era o humilde objetivo deste post.

3 comentários:

yuzuru disse...

Oi, Josmar
achei que talvez voce gostasse desse blog
http://www.lifewithalacrity.com/
veja os posts mais velhos sobre redes, sao mais interessantes

Yuzuru

Anônimo disse...

Josmar,
Saudações de Los Angeles.
Você está correto, em todo lugar vejo conferências, seminários e palestras discutindo a importância das redes sociais. Acabo de participar de um evento voltado para a área de hotéis e "convention & visitors bureaus" onde a pauta era como melhor utilizar esse recurso para promoção de produtos. Até hoje não me animei a participar nessas redes sociais, mas o problema é que elas vieram pra ficar, e gostaria de sua opinião sobre qual seria a melhor maneira de correr atrás do prejuízo.
GS

Unknown disse...

Agora fiquei preocupado com os comentários que coloquei neste blog.

Já fui fichado pelo google como membro da gang do professor Josmar?