quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lula, quem diria, preferência até em Wall Street.

Perca algum tempo lendo essa matéria da bloomberg (http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601109&sid=aV6rdv4v6jqk&pos=10). Para quem tem mais de 40 e viu Braços Cruzados, Máquinas Paradas, usou estrelinha com alfinete no peito nos tempos da ECA nos anos 80 como eu, é até engraçada a defesa do nosso Presidente e de sua candidata Dilma Roussef por parte de fundos de investimento norte-americanos, no supra-sumo da mídia de finanças e negócios do mundo. Os financistas torcem abertamente para que nada mude em termos de política monetária, taxa de juros e evolução dos valores dos títulos do governo brasileiro, pelos quais a Pimco (Pacific Investment Management Co.) pagou US$ 0,42 em 2002, os quais valem US$ 1,33 atualmente. De acordo com a matéria, Serra tornou-se perigoso, porque pode alterar a condição atual de valorização dos investimentos destes senhores. Ainda mais depois da entrevista do genial presidente do PSDB nas páginas amarelas da Veja, dizendo que, caso o seu partido ganhe, vão mudar tudo. Do jeito que se encaminha a peleja, o governador de São Paulo vai ter que imitar o atual presidente e escrever sua própria versão da “Carta aos Brasileiros”, dizendo que se eleito tudo continua como está... taxa de juros, crescimento da economia, bolsas-tudo, Olimpíadas e Copa do Mundo. Ora, a pergunta do eleitor pode ser a seguinte: se não vai mudar nada, porque então vou mudar de partido no poder? E aí está a armadilha da campanha de 2010. Fora o tom, que certamente vai ser um dos piores dos últimos certames (podem me cobrar depois), o grande desafio será: como Serra pode estabelecer diferenças, sem colocar em risco tudo aquilo que aí está e que é valorizado pelas pessoas que vivem melhor e que costumam se esquecer que parte das conquistas do presente dependeram do desempenho dos governantes do passado? Uma questão de comunicação, é claro. Mas também uma questão de percepção política. Eu vou ficar de olho no encaminhamento destas estratégias.

Não, este blog não vai entrar na seara das preferências políticas, mesmo porque pretendo ter leitores de todos os partidos. Só queria compartilhar com vocês algumas reflexões a respeito do marketing político. Parênteses aqui: marketing político não é comunicação política somente, como muitas pessoas por aí tendem a assumir. Marketing significa desenvolver uma oferta de valor para públicos-alvo, no caso os eleitores que trocarão seu voto por uma perspectiva de exercício de poder. Implica em pesquisa, elaboração de um programa (o produto, cuja visualização é o candidato), passa pela comunicação, pela distribuição desta mensagem e pelos meios de contato (redes sociais serão o tópico quente de 2010), até chegar à troca propriamente dita: ou seja, voto na urna. E tem também o pós-venda, que é o próprio mandato. E já que acabou o Carnaval, rufem os tambores que os blocos agora vão pra rua.

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Hoje o site do Advertising Age resolveu comentar o comercial do Google (veja a crítica em http://adage.com/garfield/post?article_id=142107). Nada muito profundo, tirando a sugestão sutil daquilo que disse aqui no blog, com todas as palavras. O Google está precisando de um choque de charme.

4 comentários:

Daniel disse...

Como diria o Mazzon: Josmar, siga em frente!
Sensacional este blog, professor.
Obrigado!

Monique Marinho disse...

Interessante ler esse post hoje, porque há pouco tempo eu estava lendo a revista Época (de 15/02) e saiu uma matéria sobre gafes de políticos no twitter, pelo visto muitos deles não estavam preparados para essa nova ferramente, e foram "na onda"...tem desde erro gramatical a piadas de mau gosto. Interessante.

Anônimo disse...

Right on! Tais esbanjando sapiência. Muito bom, o Mazzon tem razão.
GS

Unknown disse...

Não vai ter preferência política? Então não terá graça pois se limitará ao futebol, à F1 e às gostosonas das propagandas de cerveja.

Apesar disto, há propaganda nas suas entrelinhas. Eu li: "que costumam se esquecer que parte das conquistas do presente dependeram do desempenho dos governantes do passado". A verdade é que a o governo FHC foi uma merdra em quase todos os pontos, estimulado principalmente pela ganância dos 20 anos de poder do PSDB. Frodeu-se merecidamente.

Só mesmo as paixões políticas exacerbadas por publicitários - profissionais ou não - tentam mostrar diferenças entre o Serra e a Dilma. Entre os dois, a maior diferença é que um é homi e a a outra é muié, apesar do último(a) ter mais culhões do que o primeiro.

A melhor proposta política até agora foi a da sensata Marina que disse que o melhor seria a união política do PSDB com o PT.

Quanto a forma da campanha, o Márcio Aith (que tem escrito muita bobagem) hoje foi muito esclarecedor na Folha de SP ( http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0304201003.htm ). Concordo com ele, o clima vai ferver na Internet; o Serra já tem uma equipe de trolls profissionais preparada para bagunçar ou aplaudir nos blogs.

Minha opção sempre foi nunca votar na ARENA-PFL-DEM para qualquer cargo, incluindo vices. Entretanto há quem se iluda achando que se pode governar sem um Judas.