quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ah, a música



Quando comecei minha carreira profissional em comunicação, na Folha de S. Paulo, tinha duas horas de almoço, que na verdade a gente acrescentava mais 30 ou 40 minutos, já que normalmente a galera nunca saía do jornal antes das 10 da noite. Então uma de minhas maiores diversões, em companhia do Paulo Tigevski e do Gilberto Yudi, era explorar lojas de disco no centro de São Paulo. Era o tempo de engolir um prato feito na São João ou um sanduíche mequetrefe na 24 de Maio para incursões na Mesbla, Bruno Blois, Breno Rossi, sempre procurando preços defasados pela inflação e ofertas do tipo Clube do Disco da Mesbla (a cada 10 comprados, ganhe um; não importando qual o preço dos comprados e do brinde). Também nessa época descobri as lojas de novidades e de usados, como a Baratos e Afins do Luiz Carlos na Galeria do Rock, a Wop Bop e a Bossa Nova, que depois fizemos até uns trabalhos de propaganda, de tanto amigos que ficamos do dono. Bons tempos de chegar na Folha e a galera babar com minha coleção do Roxy Music em vinil, garimpada na loja de usados, alguns deles importados. Bons tempos em que a gente ia lá no Edgard Discos em Pinheiros para comprar discos pela conservação impecável e pela capa de plástico duro que ele não vendia sobressalente nem a pau, com sua mãe mau-humorada verificando se os clientes não estavam surrupiando os discos (o Edgard depois virou o personagem do filme Durval Discos e é tudo verdade).
Isso implica no fato de que a música sempre fez parte da minha vida e que minha coleção de vinis, bastante debilitada pela minha separação no começo dos anos 90, ainda resiste valente e valorizada aqui na estante de casa (quem tem Unforgettable Fire em vinil, com capa em papel especial? Hein? Hein? Quem tem os LPs do New Order ingleses com as capas mais maravilhosas do mundo?... eu tenho). Também tenho CDs e também tenho MP3s e na minha vida a música sempre toca. No carro, no micro, no iPod. É até estranho ser casado com a Sra. Esposa que é tão silenciosa e para quem música alta é um pouco de sacrifício. Já trabalhei em e para rádios, já conheci artistas, vi um show do Seal para 6 pessoas no Estúdio Transamérica, já fui nos shows mais espetaculares, naquela época em que a música era mais importante do que a cenografia. Mas aí já vira papo de velho, eu sei. (Outro dia fiquei pensando no show mais maravilhoso que já fui na vida: David Bowie no Wembley Stadium em 1987, The Glass Spider Tour e se eu puder dar uma lambuja, o show da Transamérica na Pedreira Leminski circa 1992, com Barão, Paralamas e Titãs e a logomarca que eu criei gigantesca, iluminada, nas paredes do anfiteatro de pedra).
Então, por eu gostar tanto de música, esse blog também fará algumas recomendações. Posso começar? Smoove & Turrell. Procurem (baixem, comprem, vejam no youtube, o que melhor os aprouver) Beggarman e You don’t know. Smoove é o arranjador. Turrell é o cantor com voz de R&B apesar de ser ruivo e gorducho, como todo bom inglês de Newcastle, divisa da Inglaterra com a Escócia (o site da gravadora fala em soul de olhos azuis). Beggarman, inclusive, conta com a aprovação de meu filho Número Dois, de quatro anos, que quando entra no meu carro sempre pede: “pai, quero aquela do yeah yeah yeah”. Aguardo adesões.

5 comentários:

Unknown disse...

Santo Deus!!!!!!! Isso definitivamente não é da minha época rsrs Bom conhecer coisa "nova" hehehe

Muito bom o blog!

Rodrigo Sapucahy disse...

Muito bom gosto, Josmar! Por acaso, vc teria outras referências com este mesmo estilo (soul e afins)?!
Um abraço.

Unknown disse...

Muito bom gosto tem esse guri. Tal pai tal filho, amei seu blog......!!!!!

Olhar... disse...

Ah, você e seu bom gosto!

Um amigo meu fala que dizer que 'fulano tem bom gosto' não significa nada além de dizer que 'fulano tem o mesmo gosto q eu'...Rsrs
Ainda assim a Sophia que ainda não nasceu já dá seus chutinhos qdo ouve Led, e eu q agora é q passei dos 25 continuo fã de rock antigo...
Então não chore, vc não está velho! rsrs
Abraços.

Unknown disse...

Dona Josmara tem razão, com este gosto menos é mais. Abaixe o volume.

(Não a chamarei de dona Esposa porque esposas são algemas em espanhol. Espero ainda ver publicitários como o Duda e o Valério devidamente esposados.)

É verdade que nunca ouvi, ou sequer ouvi falar, nestes grandes ídolos do passado. Se já foram esquecidos pelas massas, então são ídolos de barro, produtos elaborados por publicitários para consumo imediato. Fim do ciclo de marketing, vá vender coco na praia.

Como diz o Agamenon Mendes Pedreira, não vou ouvir estas suas recomendações para não distorcer a minha análise fria e imparcial.