quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma escola chamada Rio Branco. Um professor chamado Josmar.


Era uma vez um sujeito de 39 anos que tinha perdido um filho e estava em depressão. Tinha fechado sua agência de propaganda, que funcionava há 14 anos. Estava tão atordoado que ficava jogando paciência no computador por horas a fio. Tinha entrado no mestrado, buscando no conhecimento algo como a alegria de voltar a viver. Tinha bons motivos para isso: seu segundo filho acabara de nascer. E a vida continuava, como sempre continua.

Um dia o telefone tocou e uma ex-amiga pediu seu currículo. Precisavam de um professor de produção publicitária em áudio numa nova faculdade, ligada ao Colégio Rio Branco. Ninguém contou para ele que o novo campus não era em Higienópolis, mas lá para os lados da Lapa de Baixo. Pouco importava. Era um compromisso de apenas duas noites por semana. E para quem procurava a vida acadêmica era um bom começo. A área era a sua. A instituição era séria. 

Nessa ocasião, em 2002, nasceu um certo professor Josmar. Na verdade, ele nunca tinha se preparado para esta vida profissional específica, com tantas responsabilidades. Tanto que no seu primeiro dia de aula levou um arquivo powerpoint com uns 72 slides. Chegou lá e recebeu a lista dos alunos com apenas 3 nomes. Na sala de aula, sua primeira aula, encontrou apenas um deles (Frederico Ferrari Filho) e sua primeira experiência foi uma aula particular. Ali também descobriu que com 72 slides ele daria um curso de quatro meses, se soubesse administrar bem o tempo.

Quase 9 anos depois, no dia 18 de dezembro de 2010, esse tal de professor Josmar recolheu os exames da turma de Pesquisa de Marketing, fechou a lista de chamada no computador, virou suas costas e saiu dali com uma certa angústia. Uma tristeza difícil de explicar. A história dele e desta escola se separavam, em caminhos distintos e provavelmente irreconciliáveis.

Ao atravessar a catraca e passar o crachá, ele deixava muitos alunos na memória, certamente bem mais que 1.000. Deixava as conversas da sala dos professores, a pressão para chegar no horário em dias de congestionamento, algumas conquistas, muitas alegrias e muitas frustrações também, porque as histórias nem sempre são felizes em todos os aspectos e em tanto tempo. Deixava um grande pedaço da sua vida: seus filhos crescendo (sim, nascera um terceiro, enquanto ele era professor ali). Deixava o mestrado completo, o doutorado já realizado. Quanta mudança: o tal sujeito agora já preenchia nas fichas do hotel, no espaço reservado para a profissão, a seguinte palavra: "professor".


Naquele dia de dezembro, esse quase senhor de 47 anos entrava em seu carro e guiava pela Marginal para casa, sabendo que esse era um caminho que não voltaria a ser feito. Deixava seu coração naquela escola que cresce, que faz puxadinhos para colocar mais cadeiras, mais salas de aula, porque ganha novos alunos e novos cursos. Não há mais listas com apenas 3 valorosos gatos-pingados. Há prêmios, há reconhecimento, há competência (porque os outros professores que ficaram lá, amigos deste que se vai, continuarão fazendo o melhor que podem, com aquilo que têm).

Muito obrigado, querida escola que deu a experiência que formou este professor. Obrigado, Faculdades Integradas Rio Branco. Torcerei por vocês.

11 comentários:

Unknown disse...

Ahh professor, não acredito! sentirei saudades das suas broncas sobre a nossa geração que não faz nada, suas brincadeiras e das suas aulas que seempre me faziam sair de lá sentindo que tinha aprendido alguma coisa que não aprendia nas outras,obrigada por querer sempre ensinar mais do que era preciso e me sinto lisonjeada de ter sido sua aluna! beeeijos Nicolle

Margareth Dias disse...

Ok. Me emocionei muito. Tive a oportunidade de ser sua aluna apenas por um semestre. Mas foi o suficiente para me apaixonar pelas suas aulas e pelo "professor Josmar". Eu sempre percebi a sua dedicação e vontade em cada aula que assisti, e admirei isso enquanto pude. Mesmo por pouco tempo posso dizer que vc foi um dos meus melhores professores e um dos mais inesquecives. Com sua partida perco a oportunidade de compartilhar mais dessas aulas e presenciar o "professor Josmar" em ação. Continue tendo esse amor por tudo o que você faz. E que mais alunos como eu passem a te admirar dessa forma. A Rio Branco sentirá muito sua falta. Obrigada por tudo.

about my self disse...

fiquei emocionada. Sei que não teria mais aulas com o Senhor, mas agradeço pelas aulas que tive, pelas cobranças e querendo sempre o melhor trabalho, o melhor dos alunos. Fico feliz por ter sido sua aluna, não uma das melhores mais uma aluna sua.
Beijão e boa sorte em tudo.

Leo disse...

Belas palavras. Fico feliz demais vendo o progresso das faculdades Rio Branco. Tenho cada vez mais orgulho de onde estudo e dos professores que tenho/tive.
Obrigado pelas aulas de marking pra 3ª etapa de ADM em 2010/1, foram muito importantes pras minhas entrevistas de estágio e agora não consigo mais ver um produto sem tentar analisar a estratégia de marketing que aplicaram nele.
Te desejo muito sucesso no seu caminho professor.
Um grande abraço de um aluno que admirava demais seu trabalho em sala de aula,

Leonardo

Roberta Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Roberta Pereira disse...

Há muito sentimento em cada palavra escrita neste texto.
Fiquei sabendo da despedida do Professor Josmar pelo Twitter! Na hora, pensei que fosse conversa fiada dos meus amigos! Infelizmente, não era!
Sou aluna das Faculdades Rio Branco há pouco tempo, e fico irritantemente triste com a sua saída Professor, simplesmente porque não tive a grande oportunidade que outros alunos tiveram: Aulas ministradas por você!
Durante o semestre passado, ouvi várias vezes, de vários alunos, a seguinte frase: "Você vai ter aula com o Professor Josmar nos próximos semestres! Ele é fera! É o CARA!"
Bom, não tive sorte desta vez!
Mas, deixo gravado a minha admiração por você, Professor Josmar!

Abraços,
Roberta Pereira

Wandihkleysson disse...

Professor Josmar, eu não me sentia tão emocionado assim desde que deixei minha dinda lá no Norte.
Morro de inveja do senhor por ter conseguido seduzir tanta moça bonita. Intelectualmente! Deixo bem claro para a sua patroa.
O senhor é como um professor deve ser: loquaz e falastrão, mas com conteúdo; conservador e disciplinador, mas com bom coração.
Como não disse o general Custer: go USP East, boy!

Donizete Henrique disse...

Obrigado professor. Obrigado por ter sido meu professor. Uma vez eu ouvi uma frase sua: "Pessoal, aproveitem o tempo que vocês tem aqui dentro, pois eles não voltam mais". Eu guardei esta frase e me formo este ano podendo afirmar que aproveitei o tempo em que estive dentro desta faculdade. Professor Josmar, muito obrigado!

Priscila Tuna disse...

Lembro das suas primeiras aulas e lembro que com medo da prova estudei muito e tirei 9. Lembro das suas aulas de sexta em que eu chegava atrasada toda semana por causa do trabalho. Mas o que eu mais lembro e nunca vou esquecer foi da minha banca de TCC e dos comentários atenciosos, sugestões e carinho com que fomos tratados. Receber elogios de um dos professores mais rígidos da faculdade fez o 10,00 valer ainda mais. Obrigada por tudo e boa sorte!

jenniffer bertarelli disse...

Querido professor Josmar,
Bom, eu não fui sua aluna nota 10, esses são poucos, porém em suas aulas me sentia especial. Com todo esse seu jeito durão de ensinar, eu aprendi como se deve fazer produções publicitárias para TV e rádio, aprendi peculiaridades do mercado e guardei lições de vida. Você tem o dom de lecionar, amadureci muito na faculdade (isso sempre acontece), mas quero que saiba que suas aulas tiveram grande importância para tal. E no meu critério de avaliação, também são poucos, mas vc está lá "professor nota 10"!

Obrigada e
Boa Sorte!

Anônimo disse...

Demorei um pouco para comentar este post, mas vamos lá

O Josmar é um professor sério, mas que sempre conduziu suas aulas com maestria, leveza e muito conhecimento.

Com certeza, foi a pessoa mais íntegra, correta e indicada para ter aulas de Ética nos Meios de Comunicação de Massa.

Muito obrigado por tudo professor, e sucesso nos novos caminhos da vida.

Abraços

Diogo Coelho