Tomo mundo tem seu crítico inseparável. O Pinóquio tinha o grilo falante. O Batman tinha o Alfred. O Lula tinha o Diogo Mainardi. Eu tenho o Wandyhkleisson.
Não sei de onde ele apareceu, quais as conexões que nos aproximam, mas o Wandy (acho que posso chamá-lo assim), está sempre de olho no que escrevo no blog, lê os comentários e sempre sapeca críticas piores que as da minha mulher, com a desvantagem que ele não me ajuda a pagar as contas aqui de casa (a parte do sexo, é claro, melhor nem pensar). Precisei até tirar alguns desses comentários dos posts (que pena, seriam úteis para ilustrar meu ponto de vista) porque, sinceramente, não é muito agradável manter um blog para se chamado de marqueteiro pequeno-burguês, falastrão, leitor da Veja, revisionista, tucano etc. etc., se bem que ele possa ter razão.
O Wandy parece ser boa pessoa, gosto de verdade dele, apesar de achá-lo um pouco iludido. Pelo que li, ele é daqueles que ainda acreditam que os dólares encontrados na cueca do assessor do Genoíno eram realmente para pagar despesas de campanha. E também acha que o Lula é um ex-operário de esquerda, sem perceber que nos últimos 40 anos o companheiro tornou-se um político profissional com excelente capacidade de comunicação, mas aferrado às benesses do poder como todos os demais, que adora cartão corporativo, charuto, avião particular, evidência na mídia e amizade com o Eike Batista.
Por exemplo da encanação comigo (como se algo eu representasse de importante nessa engrenagem...): no dia da eleição presidencial o Wandy me mandou uma extensa mensagem dizendo que ia votar, orgulhoso, na mulher que agora nos dirige, que representava a vitória do presidente pau-de-arara (nas suas próprias palavras) contra a elite tucana, formada por doutores que tinham levado o Brasil ao atoleiro, do qual a companheirada tinha vindo nos salvar. Wandy não percebeu direito que ia votar numa egressa do brizolismo, que tem lá alguns probleminhas éticos com um pretenso diploma de doutora em economia pela Unicamp. Ou seja, uma belíssima representante do status quo, que aos poucos vem se implantando nas nossas instâncias de pudê, diga-se na administração da Previ, nos Tribunais de justiça, nos órgãos reguladores do mercado financeiro. Esforço esse mancomunado com figuras dignas e empenhadas de nossa vida, tais como Zé Sarney, Edson Lobão e Michel Temer.
Wandy, para sua alegria, devo reconhecer que tenho gostado da administração da Dilma, com a vantagem que ela não nos aborrece falando baboseira na mídia todo dia e é muito mais simpática que o Zé Serra (se isso pode ser considerado um elogio).
Entretanto, fico curioso para saber a opinião do Wandyhkleisson sobre um fato recente de nossa vida republicana. Wandy, o que você achou da notícia de que algumas semanas antes da eleição o Senor Abravanel tenha visitado o Duce de Garanhuns e o encadeamento posterior dos fatos? Refiro-me às semanas seguintes nas quais o Jornal do SBT tenha sido o único a noticiar com ênfase a tal da "bolinha de papel" na testa do Serra. Também gostaria de saber o que você achou sobre as instâncias feitas pelo Banco Central para que o Fundo Garantidor de Crédito salvasse o Banco Panamericano, sem que o referido apresentador tenha perdido qualquer parte de seu patrimônio? Um rombinho aí da ordem de 4 bilhões de reais. São ilações, talvez desprovidas de sentido, concordo, mas há algo que cheira mal na res publica, que transcende o modesto blog do professor Josmar.
Pergunto por esse canal, porque o único probleminha que sinto nesse meu relacionamento com o Wandy é sua falta de nome e sobrenome. Não temos, digamos assim, contato mais efetivo. E eu não me sinto confortável ao falar com personalidades etéreas, típicas dessa nova era em que "o aqui e o agora" são diferentes de como me acostumei no passado.
A falta de nome e sobrenome nas coisas que se escreve, nos pensamentos que se têm, é uma das pragas dessa modernidade mediada por elétrons. Eu ainda não acho que possamos prescindir tão rapidamente de coisas escritas a tinta em coisas que durem, mesmo que seja só uma folha de papel. Wandy, concorda que fica difícil? Como argumentar, como discutir com alguém que pode falar o que quiser, sem a pena da responsabilidade, mesmo afetiva, pelo que disse? Eu, da minha parte, preferia falar com alguém que tivesse um nome. Prosaico, Antônio, por exemplo. Ou então mais complicado, como Lafayette, cheio de ipisilones e tês duplos. Mas pelo menos um crítico para chamar de meu, com algum nível de intimidade. Wandyhkleisson, definitivamente, não dá.
Um comentário:
Eu diria que o meu crítico é um "diabo" atrás da orelha que sempre critica o que eu faço, planta a dúvida antes de uma ação e me faz pensar. Viva a consciência. abs!
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